Capítulo Dez
O peso do Quase
As pessoas acham que, por nunca termos visto nosso bebê crescer ou ouvido sua voz, a dor deveria ser menor. Mas é justamente o contrário. O “quase” é o que nos deixa malucas. O nunca ouvir um “mamãe”, o nunca ver o sorriso, o nunca presenciar aqueles momentos que sonhamos... é o que mais dói.
Deus, no entanto, sempre foi nossa morada. Ele nunca desamparou nossa família. Mesmo em meio à confusão e aflição sobre o nosso chamado, Ele estava lá, nos sustentando. Mas não posso negar que o mundo pode ser muito cruel.
As redes sociais e as pessoas podem ser cruéis.
Um dia após o falecimento do meu filho, enquanto eu ainda estava no hospital, pessoas que eu nunca conheci começaram a me pedir doações — queriam o berço, as roupas... Como se o fato de ele não estar aqui de alguma forma invalidasse o que essas coisas representavam para mim. O mundo parecia dividido entre extremos: se eu falasse sobre o Levi, as pessoas poderiam achar que era por busca de atenção. Se eu não falasse, poderiam pensar que eu havia esquecido meu filho. Como lidar com isso?
Foi então que comecei a escrever cartas para o Levi. Escrever para ele foi a forma que encontrei de processar essa dor, e também de manter viva sua memória. Cada palavra escrita me ajudava a entender que Levi é meu propósito. Falar dele não apenas me alivia, mas também me traz esperança e paz.
Decidi buscar todas as mamães que, como eu, perderam seus filhos e, junto com eles, a fé. Porque sem Deus, eu não sei como teria conseguido atravessar esse deserto. Ele tem sido meu consolo, meu guia. E falar sobre o Levi me lembra que, mesmo na dor, há um propósito maior.
O Levi continua a viver em cada palavra, em cada testemunho, em cada vida que é tocada pela nossa história. Ele nos deu um novo sentido, e agora, nosso chamado é levar essa esperança a quem mais precisa.