Capítulo Três
A maternidade
Nunca sonhei em ser mãe, e de repente, aos 27 anos, fui surpreendida com a notícia mais temida para mim naquela época: eu estava grávida. Mesmo tomando anticoncepcional, descobri minha primeira gravidez. Foi um susto, confesso. Não tive nenhum atraso menstrual; apenas senti uma fadiga, mas eu sou asmática, e frequentemente tenho crises que me levam ao hospital para inalação e oxigênio. Acordei com meu marido e disse: “Estou tendo uma crise de asma.” Ele, meio adormecido, respondeu: “Você está grávida, eu sonhei.” Fizemos um teste e, adivinhem? Minha “asma” era um bebê! Eu realmente estava grávida!
A partir daquele dia, entendi que havia um propósito na minha vida. Compreendi que Deus quis que eu engravidasse, pois em 10 anos nunca deixei de me prevenir nem por um dia.
Ao contrário de muitos homens — sei que alguns homens têm resistência em ser pais —, ser pai sempre foi o sonho do meu marido. Desde o primeiro dia que descobrimos nosso bebê, nossa vida mudou completamente — para melhor. Entendemos que o exemplo arrasta. Sendo filhos de pais separados, sempre sonhamos com um casamento sólido e duradouro. Quem é filho de “pais separados” sabe como é difícil uma infância dividida. Meu marido ainda tem a “sorte” de pais serem amigos e frequentarem o mesmo ambiente. Já eu, infelizmente, não tive essa sorte. Meus pais ainda são resistentes, e às vezes, isso cai sobre mim.
Nosso ambiente familiar melhorou muito. É como se estivéssemos criando raízes no nosso casamento.
A alegria tomou conta da nossa casa, e, consequentemente, de toda a nossa família. Cada dia era incrível. Ver meus pais e meus sogros se tornando avós foi impagável. Só quem é mãe ou tem o desejo de ser mãe entende o significado desse processo.
Foram nove meses maravilhosos, nos quais a cada dia eu aprendia algo novo. Quando fizemos o primeiro ultrassom e ouvi o coraçãozinho, confesso que naquele momento descobri o amor mais verdadeiro do mundo.
É muito lindo “gerar”. É tão incrível saber que você está com uma pessoinha dentro de você e que tudo o que você sente, ele ou ela sente junto. A conexão é muito forte.
Eu e o meu marido chorávamos em todas as ultrassonografias. E a ansiedade para saber se seria menina ou menino? Até que finalmente fizemos o teste. Meu cunhado escreveu uma música perfeita para revelar o sexo do nosso bebê.
Estávamos em dúvida: Maria ou Levi? E de onde surgiu o nome Levi? Nós não sabemos… simplesmente veio e nós dois gostamos. Depois descobrimos o significado de Levi: “O nome Levi tem origem hebraica e raízes bíblicas. Seu significado está associado à ideia de ‘unir’ ou ‘juntar’. Na Bíblia, Levi foi o terceiro filho de Jacó e Lia, ancestral dos levitas, uma das doze tribos de Israel.”
A música da revelação tinha esse trecho:
“Deus já me falou
com amor e abençoou
que eu vou fazer parte
de uma família linda
Eu ainda nem cresci,
mas percebi que desde aqui
eu já tenho mais amor
do que eu posso enxergar.
Agora eu vou falar
do papai,
que eu sei que é chorão,
mas também é forte demais.
E a minha mamãe
nem se fala,
sinto desde aqui
uma mulher determinada.
Tô chegando com muito amor
pro riso ter mais brilho
e pra vida ter mais cor
Tô chegando
me espera aí,
pode fazer festa
pra minha vida
Eu sou Levi
Tô chegando com muito amor
pro riso ter mais brilho
e pra vida ter mais cor
Tô chegando
me espera aí,
pode fazer festa
pra minha vida
Eu sou Levi”
E sim, descobrimos o nosso levizinho! meu deus, que alegria ao descobrir que era um menino!
Ser mãe de menino para mim foi uma ideia incrível. Como mulher que já sofreu tanto em relacionamentos com “homens”, eu finalmente teria a oportunidade de ensinar um menino a ser homem e a honrar sua família. Desde o primeiro dia em que descobrimos o nosso Levi, entreguei sua vida a Deus, porque meu desejo era que ele se tornasse um homem de Deus.
O tempo foi passando e, a cada exame, cada ida ao médico, cada detalhe sonhado, era um passo a mais para a chegada do meu menininho. Cada roupinha, casa sapatinho, cada presente… meu Deus, que ansiedade para te conhecer, meu filho.
Eu e o Thiago, quando começamos a montar o quartinho, passávamos horas imaginando como seria quando ele chegasse. Colocamos as roupinhas nos pets e fingíamos que estávamos com o nosso Levi.
Sabe quando você compra algo novo e quer mostrar para todo mundo? Nós estávamos assim. Qualquer pessoa que ia à nossa casa, levávamos ao quarto do Levi. Aquele quarto era uma grande conquista para nós. Meu marido chorou várias vezes porque estava realizando o sonho de infância de ter um quarto com paredes azuis e com nuvens desenhadas. Todos os detalhes — almofadas, malas de maternidade, enfeites de porta — estavam exatamente como eu sempre sonhei.